Tem circulado na Internet diversos posts sobre o golpe do português. Eu não tinha ouvido nada sobre isso até ver com meus próprios olhos, a dinâmica deste golpe. Então, dentro do espirito de alerta aos desavisados, aqui vai a estrutura deste golpe:
a) os golpistas geralmente trabalham em duplas e tem sotaque europeu: português e italiano. Se são destes lugares, ninguém sabe, mas os sotaques são muito bem feitos.
b) andam em carros de luxo, com porta-malas grande e geralmente, o carro é alugado e com placas de outro estado. Assumem pinta de homens de negócio, andam bem vestidos.
c) são muito educados e carismáticos: gentis, conhecedores do mundo, do que é fino. Batem à porta da casa ou escritório, perguntando pela nome da pessoa, que com antecedência pesquisaram.
d) oferecem produtos de grifes que foram supostamente já expostos em feiras. A justificativa da venda de porta em porta se baseia no fato de que algum amigo recomendou essa visita e também no fato de que se voltam à Europa com estes produtos, pagarão altos impostos e por isso os estão oferendo a preços baixos, queima total de estoque. Quais são estes produtos ? Eis aqui uma lista: ternos Armani (os mais finos, de 180 fios), tapetes persas de diversos tamanhos e tipos, roupas da grife RGA (teoricamente, subsidiaria da Armani), talheres em ouro e níquel da marca Solinger. Algumas outras pessoas falam de malas MontBlanc e jaquetas de couro. Começam oferendo o produto por um preço altíssimo e pouco a pouco vão baixando o preço, até chegar quase a 1/5 do valor original. O argumento é : 'eu já ganhei com o que vendí na feira, então vou facilitar para você, quero ganhar um cliente."
e) solicitam que o pagamento seja feito por transferência bancária na hora e trabalham com vários bancos no Brasil. Aceitam também dinheiro e cheques, mas avisam que os cheques serão entregues a uma operadora e que eles não os descontarão no banco pois viajarão daqui a dois ou três dias e não podem sair do país com esse dinheiro em espécie. Pedem para não cruzar os cheques.
f) Fazem qualquer negócio e as vezes oferecem para trocar coisas, por exemplo: dizendo que vão viajar no outro dia, argumentam que precisam de um tablet, que coincidentemente está na sua mesa. Oferecem alguns produtos teoricamente bem mais caros em troca pelo tablet.
Resumo: estas pessoas são estelionatários dos mais eficiêntes. Todos os produtos que vendem são falsos ou de procedência duvidosa. Alguns dos produtos são vendidos na rua 25 de março em São Paulo. Os tapetes são persas, mas do tipo industrializado ou imitação chinesa. É tudo buginganga, que eles vendem como se fosse do mais fino.
Então fiquem atentos. A psicologia coletiva explica por que este tipo de golpistas tem tido sucesso no Brasil. Sabemos que existe um sentimento coletivo de super valorização do estrangeiro e produtos do exterior. Aquele sentimento de ser eternamente colônia, de pensar que "na Europa tudo funciona", a sensação que no Brasil ainda está tudo por ser feito e de uma certa inveja do nacionalismo estrangeiro, produzem uma certa desproteção para este tipo de golpe. A pesar do fato de que o Brasil agora está no seu melhor momento, este tipo de complexos não se superam de um dia para outro e um vendedor de sotaque cativa mais que um nacional, ainda. Por isso, cuidado.